Prejuízo de US$ 180 bi: por que a inação climática custa mais caro que a prevenção

Equipes de resgate evacuam um morador em meio às enchentes causadas pela Tempestade Tropical Bualoi em Odiongan, na província de Romblon, Filipinas, nesta sexta-feira, dia 26
Equipes de resgate evacuam um morador em meio às enchentes causadas pela Tempestade Tropical Bualoi em Odiongan, na província de Romblon, Filipinas, nesta sexta-feira, dia 26 Foto: Guarda Costeira das Filipinas via AP

Qual é o custo real das mudanças climáticas? A resposta vai além dos danos ambientais e se traduz em perdas econômicas devastadoras e, principalmente, em vidas humanas. Enchentes, ondas de calor e ciclones deixam um rastro de destruição que já custa bilhões a países em todo o mundo. Cientistas, no entanto, são unânimes: investir em adaptação sustentável não é apenas uma necessidade, é a decisão economicamente mais inteligente.

  • O custo da crise: eventos climáticos extremos nos últimos 30 anos causaram perdas de US$ 180 bilhões apenas na Índia, segundo o Índice de Risco Climático 2025.
  • A solução: especialistas defendem que o investimento em adaptação sustentável, como agricultura resiliente e cidades mais verdes, compensa os custos dos desastres.
  • Estratégias de adaptação: medidas práticas incluem o cultivo de espécies resistentes ao calor, a criação de parques urbanos para refrescar as cidades e a proteção de ecossistemas costeiros.
  • Meta final: a longo prazo, a maneira mais eficaz de combater a crise climática e seus custos continua sendo a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa.

A conta bilionária dos desastres

A frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos estão aumentando, e a conta está cada vez mais alta. O exemplo da Índia, que foi atingida por cerca de 400 desses eventos nas últimas três décadas, ilustra a dimensão do problema. Os US$ 180 bilhões em prejuízos refletem o alto preço da vulnerabilidade climática.

Prevenir é mais barato que remediar

Diante desse cenário, a ciência aponta um caminho claro: é mais vantajoso investir na prevenção e na adaptação do que arcar com os custos da reconstrução. A adaptação sustentável engloba um conjunto de estratégias que preparam as sociedades para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas.

No campo, isso se traduz no cultivo de espécies agrícolas mais resistentes ao calor e na diversificação dos calendários de colheita para minimizar riscos. Nas cidades, que sofrem com as ilhas de calor, a solução é a criação de mais parques e jardins, que funcionam como verdadeiros climatizadores naturais. Nas áreas costeiras, a proteção de mangues e a restauração de margens de rios podem salvar vidas e preservar habitats inteiros.

Embora essas medidas de adaptação sejam cruciais para o presente, a solução definitiva para o futuro permanece a mesma: reduzir as emissões de gases de efeito estufa na fonte é a única maneira de frear o aquecimento global e, consequentemente, seus custos devastadores.

Guia prático de adaptação climática

Investir em adaptação é preparar comunidades e economias para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas. As estratégias variam conforme o setor, mas o objetivo é o mesmo: construir resiliência.

Na agricultura

  • Cultivos resilientes: adotar e desenvolver espécies agrícolas que sejam mais resistentes a altas temperaturas, secas ou excesso de chuvas.
  • Manejo inteligente: implementar cronogramas de colheita escalonados e diversificados para não concentrar toda a produção em um único período, reduzindo o risco de perdas totais.

Nas Cidades

  • Infraestrutura verde: aumentar a quantidade de parques, jardins e árvores nos centros urbanos para combater o efeito de ilha de calor e melhorar a qualidade do ar.
  • Telhados e pavimentos frios: utilizar materiais de cores claras e reflexivas em telhados e asfaltos para diminuir a absorção de calor.

No litoral e margens de rios

  • Proteção de ecossistemas: conservar e restaurar ecossistemas como manguezais e matas ciliares, que funcionam como barreiras naturais contra enchentes, erosão e elevação do nível do mar.