A 100 dias, presidência dribla críticas de países e garante COP30 em Belém

Embaixador André Corrêa Lago admitiu, em conversa com jornalistas, resistência de países sobre hospedagens, mas ressalta debater soluções para garantir participação de países em desenvolvimento no evento

COP30

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, descartou a possibilidade de transferência e garantiu a realização do evento em Belém (PA) mesmo com a resistência de alguns países. Em conversa com os jornalistas, o embaixador admitiu ter sido acionado para debater o preço de hospedagens na capital paraense, mas afirmou debater alternativas para resolver o impasse a 100 dias do evento.

Nas últimas semanas, Lago se reuniu com autoridades de outros países e ouviu críticas sobre os valores cobrados para hospedagem na cidade. Os preços dispararam nos últimos meses e chegaram ao patamar de R$ 100 mil por apenas sete dias em alguns hotéis ou aluguel de apartamentos por temporada.

O embaixador admitiu que alguns países pediram para que o governo brasileiro trocasse a sede da conferência, mas afirmou descartar a possibilidade e que não trabalha com um “plano B” para o evento. Além dos preços, os países questionam a infraestrutura da capital paraense para receber os mais de 50 mil convidados previstos para o evento.

“A COP vai ser em Belém, o encontro entre os chefes de Estado vai ser em Belém e não há nenhum plano B”, afirmou.

“Aconteceu uma reunião de emergência armada pelos organizadores da conferência em que representantes de países que manifestaram preocupação com os preços das hospedagens. Eles afirmam que os preços estão altos e acima de qualquer COP que se tenha conhecimento. Três grupos regionais de fato solicitaram se não podia tirar a COP de Belém”, concluiu.

Na reunião, países de menor desenvolvimento relativo, chamados de LDC, apontaram não conseguir arcar com os custos de hospedagem para o evento. Eles limitaram os custos diários em 143 euros, sendo a hospedagem entre 50 e 70 euros. Corrêa Lago admitiu que os valores praticados atualmente são maiores que o esperado por outros países.

O embaixador, no entanto, afirmou que tem tentado encontrar soluções para garantir a participação de todos os países. Uma das soluções encontradas foi o oferecimento de quartos com preços abaixo do mercado. Entretanto, países africanos ainda resistem aos preços.

“A SECOP está assegurando um número mínimo de quartos a preços possíveis abaixo do que está no mercado. O que acontece é que os preços oferecidos não estão sendo aceitos pelos países africanos e pelos países menores. Temos que tentar reduzir ainda mais os preços dos quartos para esses países”, declarou.

Corrêa Lago admitiu que o avanço no preço das hospedagens tem atrapalhado o avanço das negociações climáticas, como o acordo para o financiamento climático e a reserva financeira para sustentar florestas de países em desenvolvimento. “A questão está interferindo no tempo que, no fundo, nós deveríamos estar discutindo questões de substância”, declarou.