Na entrada de sua casa na comunidade de Vila da Barca, em Belém do Pará, uma mãe se refresca do calor sufocante em uma pequena caixa d’água ao lado de sua filha.
A crise climática abala o bairro popular mais emblemático da cidade, coração urbano da Amazônia brasileira e sede da conferência COP30 da ONU, que começou na segunda-feira (10).
“O clima mudou muito, agora tem aquele vapor que sobe quando chove e um calor intenso desde nove da manhã”, conta Rosineide Santos, de 56 anos, que chegou à comunidade há duas décadas.
A poucos minutos do centro de negociações, os moradores dessa favela de palafitas lutam contra o esquecimento das cidades amazônicas.
Embora seja sinônimo de floresta, na Amazônia brasileira mais de 75% dos seus 27 milhões de habitantes vivem em áreas urbanas, segundo dados oficiais. Em Belém, mais da metade vive em favelas, um recorde entre as 27 capitais do país.
Fundada há um século por pescadores e colada à zona mais cara da cidade, cerca de 7.000 pessoas vivem na Vila, a maioria na miséria. Suas casas de madeira estão erguidas sobre lama, lixo e entulho.
Preservar a maior floresta tropical do mundo é um objetivo central desta COP, na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promove um fundo global de investimentos para premiar países que combatem o desmatamento.
“Mas ninguém está falando de proteger” quem vive na Amazônia urbana ou “discutindo como a crise climática atinge os nossos territórios mais vulneráveis”, disse à AFP Gerson Bruno, um líder comunitário de 35 anos e presidente de associação de moradores.