Paris está se consolidando como um dos principais laboratórios globais de mobilidade urbana sustentável, implementando uma série de políticas arrojadas que priorizam as pessoas em detrimento dos veículos motorizados. A capital francesa avança em sua transição para se tornar uma cidade com menos poluição, mais silenciosa e resiliente à crise climática.
O resultado é uma transformação visível: ruas antes congestionadas agora se abrem para pedestres e ciclistas, inclusive em áreas próximas a icônicos pontos turísticos, melhorando a qualidade de vida de moradores e a experiência dos visitantes.
Zonas de tráfego limitado: o coração da estratégia
No centro dessa transformação estão as “Zonas de Tráfego Limitado” (ZTL). Nesses perímetros, a circulação de veículos particulares é severamente restringida. O acesso é garantido apenas a veículos de serviço essencial, como transporte público, táxis, viaturas de emergência, e a carros de moradores locais, pessoas com mobilidade reduzida ou veículos que realizam entregas e serviços específicos na área.
O objetivo é claro: reduzir drasticamente o tráfego de passagem, que é uma das principais fontes de congestionamento e poluição do ar e sonora nas grandes cidades. A medida desincentiva o uso do carro como meio de transporte padrão e devolve o espaço público para as pessoas.
Combate à poluição veicular: o fim da era dos SUVs
Reconhecendo que nem todos os veículos são iguais em seu impacto ambiental, Paris adotou uma medida pioneira e polêmica: a sobretaxa para o estacionamento de SUVs e outros veículos de grande porte. A tarifa para esses automóveis pode chegar ao triplo do valor cobrado para carros menores.
A justificativa das autoridades parisienses vai além do espaço que ocupam. Veículos maiores e mais pesados consomem mais combustível e, consequentemente, emitem mais CO₂ e outros poluentes. A medida é uma sinalização econômica clara de que veículos com maior pegada de carbono não são bem-vindos, alinhando a política de trânsito às metas climáticas da cidade.
O reinado da bicicleta: um legado olímpico sustentável
O pilar que sustenta essa transição é o investimento massivo no transporte ativo. A expansão das ciclovias, um dos principais legados dos Jogos Olímpicos de 2024, criou uma infraestrutura segura e conectada que incentiva o uso da bicicleta.
O resultado dessa política integrada já é mensurável: hoje, o número de deslocamentos por bicicleta em Paris supera o de carros particulares. A cidade prova que, com planejamento e investimento, é possível mudar a cultura de mobilidade e construir um futuro urbano mais verde, saudável e sustentável para todos.