A nova missão do projeto Criosfera 1, laboratório científico brasileiro mais remoto da Antártica, será a primeira expedição científica na história do continente a ser totalmente neutra em carbono. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a Ambipar, visando reforçar o protagonismo do Brasil na pesquisa sobre mudanças climáticas.
Localizado a cerca de 600 quilômetros do Polo Sul geográfico, o Criosfera 1 transmite dados em tempo real desde 2012 sobre parâmetros atmosféricos e ambientais. Essas informações são cruciais para compreender fenômenos globais, como o derretimento do gelo polar, a dinâmica das massas de ar que influenciam o clima no Brasil e a circulação de aerossóis transportados por ciclones.
A cooperação técnico-científica da Ambipar envolve o apoio direto à pesquisa e ao desenvolvimento de soluções ambientais. Além do suporte, a empresa viabilizou a neutralização completa das emissões da expedição por meio de seus créditos de carbono, gerenciados pela Ambify. O processo, certificado pela ABNT, também inclui ações complementares, como o plantio de árvores nativas na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA).
“Esta missão representa um momento único para integrar inovação, sustentabilidade e pesquisa científica em um dos ambientes mais desafiadores do planeta. É uma oportunidade de testar tecnologias que poderão transformar futuras expedições antárticas”, afirmou o engenheiro ambiental Gabriel Estevam Domingos, pesquisador da Ambipar e integrante da equipe.
O apoio da Ambipar permite avançar em direção a uma expedição mais sustentável, mantendo o alto padrão científico necessário para compreender fenômenos cruciais para o futuro climático do planeta.
O pesquisador terá papel central na validação e operação dos equipamentos e sensores, além de contribuir para a análise prática de desafios ambientais e a divulgação de parâmetros globais de monitoramento climático. A Ambipar também forneceu equipamentos de proteção individual (EPI) essenciais, fabricados com materiais de baixo impacto ambiental, para enfrentar temperaturas de até $-40\text{ }^\circ\text{C}$.
A missão conta com financiamento do CNPq e suporte técnico de instituições como Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), USP (Universidade de São Paulo), UFPR (Universidade Federal do Paraná) e CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), além do apoio logístico do Proantar.
Os objetivos da expedição incluem a manutenção completa do módulo Criosfera 1, a substituição de sensores climáticos e turbinas eólicas, a instalação de novos equipamentos e a continuidade do monitoramento ambiental em uma das regiões mais sensíveis às mudanças climáticas. O rigor técnico da operação reflete a importância de gerar dados precisos para compreender fenômenos como a elevação do nível do mar e o comportamento da calota de gelo e suas implicações para o clima no hemisfério sul.
A missão Criosfera 2025/2026, coordenada pela UERJ sob liderança do professor doutor Heitor Evangelista, reafirma a força da colaboração entre academia, setor privado e instituições públicas, destacando a posição do Brasil entre os países que investem em ciência polar voltada ao monitoramento climático global.
O site oficial da missão, recém-lançado, funcionará como um hub de divulgação científica, reunindo notícias, atualizações e conteúdos educativos sobre mudanças climáticas e ciência polar.