Brasil vai produzir microrreatores nucleares: o que isso significa?

Brasil vai produzir microrreatores nucleares: o que isso significa?

Nove instituições e quatro empresas unem esforços para desenvolver meios e tecnologia necessários à fabricação de microrreatores nucleares.

Segundo informou a Pesquisa FAPESP, se forem bem-sucedidos, os reatores podem incluir o Brasil entre os pioneiros nesse sistema de geração de eletricidade.

Como funciona

Os microrreatores são equipamentos de menor porte do que os reatores nucleares convencionais e geram energia por meio da fissão do núcleo atômico. O projeto prevê o desenvolvimento de aparelhos capazes de gerar entre 1 e 5 megawatts (MW) de energia. Cada megawatt é suficiente para abastecer cerca de mil pessoas. Pouco mais de um quinto dos municípios brasileiros tem até 5 mil habitantes e poderia ser atendido por apenas um microrreator.

Controlados remotamente e do tamanho de um contêiner de 40 pés, os equipamentos poderão ser usados em substituição a geradores de eletricidade a diesel que abastecem comunidades isoladas, indústrias, hospitais, datacenters e outros estabelecimentos que precisam de um sistema alternativo.

O físico e coordenador técnico do projeto João Manoel Losada Moreira, do programa de pós-graduação em Energia da UFABC (Universidade Federal do ABC), afirmou que os microrreatores podem gerar energia por até uma década sem precisar de recarga de combustível.

A iniciativa está em fase intermediária de desenvolvimento e é inspirada nos reatores nucleares projetados para gerar energia em missões espaciais. “Eles não utilizarão água ou gás em seu sistema de refrigeração e de condução de calor, como ocorre nas usinas nucleares tradicionais. A recuperação de calor será feita pela tecnologia de heat pipes, a mesma proposta para reatores espaciais”, explica a pesquisa.

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Microrreatores e a democratização energética

Segundo diz a Comissão Nacional de Energia Nuclear do governo federal, os MRNs garantem segurança energética, reduzem emissões de CO₂ e ampliam o acesso à eletricidade no Brasil. Eles operam de forma descentralizada, sem necessidade de abastecimento frequente de combustível. Por serem modulares, transportáveis e operáveis remotamente, sua implementação é possível em diferentes contextos.

Um MRN de 5 MW pode abastecer cidades de até 5 mil habitantes, atendendo 22% dos municípios brasileiros. Com múltiplas unidades, essa cobertura pode alcançar 68% das cidades do País. Em regiões com pobreza energética, os MRNs garantem infraestrutura básica e ajudam a mitigar impactos na saúde, educação e economia local.

“Os MRNs oferecem uma solução confiável e contínua para alimentar essas infraestruturas, reduzindo sobrecargas na rede elétrica e diminuindo a dependência de fontes fósseis”, disse a Comissão.