Consciência ambiental é maior em comunidades com projetos de longa duração

Levantamento aponta que o convívio contínuo com iniciativas de preservação altera a percepção da população e reduz crimes ambientais; especialistas criticam ações esporádicas

O agricultor familiar José Carlos do Santos e a professora Maria de Lourdes Lopes em sua horta nos fundos de casa na comunidade do Brejão, nos Gerais de Balsas, Maranhão
O agricultor familiar José Carlos do Santos e a professora Maria de Lourdes Lopes em sua horta nos fundos de casa na comunidade do Brejão, nos Gerais de Balsas, Maranhão Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A eficácia da educação ambiental está diretamente ligada à perenidade das ações. É o que aponta um novo levantamento divulgado nesta semana, destacando que a consciência ecológica cresce significativamente em áreas onde projetos de preservação atuam de forma contínua e a longo prazo.

  • Pesquisa mostra que ações pontuais têm baixo impacto na mudança de hábitos;

  • Comunidades engajadas por anos tornam-se “guardiãs” dos territórios;

  • Continuidade gera confiança e associa preservação a benefícios econômicos locais.

Segundo dados veiculados pela Agência Brasil, regiões beneficiadas por iniciativas que ultrapassam o ciclo de campanhas esporádicas apresentam índices superiores de engajamento comunitário na defesa da biodiversidade e na gestão de resíduos.

Ação pontual x Transformação cultural O estudo contrapõe o modelo de “ações de impacto” — como mutirões de limpeza ou palestras isoladas — ao trabalho de formiguinha realizado por projetos de longa duração. Enquanto o primeiro gera mobilização momentânea, o segundo constrói uma cultura de pertencimento.

Especialistas apontam que a chave para essa mudança está na confiança. Quando uma organização ou política pública permanece no território, a população local deixa de ver a pauta ambiental como algo externo ou impositivo e passa a integrá-la à sua realidade econômica e social.

“A preservação deixa de ser uma regra imposta e passa a ser vista como um valor da comunidade quando há continuidade no diálogo”

Impacto na fiscalização Outro dado relevante é o papel dessas comunidades na fiscalização. Em áreas com projetos consolidados de reflorestamento ou manejo sustentável, os próprios moradores atuam como agentes inibidores de crimes ambientais, como desmatamento ilegal e caça predatória.

A pesquisa sugere que políticas públicas de meio ambiente devem priorizar a manutenção e o fortalecimento de programas existentes, em vez de pulverizar recursos em iniciativas de curto prazo que não deixam legado educativo. O engajamento real, conclui o levantamento, é fruto de convivência e constância, não apenas de informação.

Com informações da Agência Brasil