A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) está prevista para acontecer em novembro de 2025, mas já enfrenta adversidades durante a fase de planejamento.
Com sede na cidade brasileira de Belém (PA), o anúncio do evento gerou uma corrida imobiliária local que tem tornado os preços das acomodações abusivos e exorbitantes. Agora, autoridades de todo o globo direcionam críticas ao Brasil e mostram-se insatisfeitos com as possibilidades de estadia.
A expectativa é de que cerca de 50 mil pessoas participem da convenção nos dias mais movimentados. Desde o início, existiam preocupações com a logística: enquanto a solenidade é visada mundialmente, a capacidade hoteleira de Belém não parecia sustentar a demanda.
Atualmente, a menos de cinco meses de distância da COP30, a problemática das acomodações não se resolveu e pode gerar um pedido de transferência da sede para outra cidade.
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Críticas e riscos de exclusão: o que dizem as autoridades
Na última quinta-feira, 19, ocorreram reuniões para apresentar os planos de logística da COP30, conduzidas por Valter Correia, secretário extraordinário da conferência.
Os delegados internacionais não pouparam críticas à organização brasileira e cobraram clareza em relação às estadias. Segundo diversos líderes e diplomatas estrangeiros, os preços cobrados por hotéis e sistemas de hospedagem estão muito acima do viável, além de apresentarem pouca disponibilidade.
De acordo com informações da RFI, uma chefe de delegação europeia chegou a acusar as acomodações de cobrarem diárias cinco vezes superiores ao valor de referência da ONU, que é de US$ 145 por dia.
Um dos principais argumentos é que os altos custos de hospedagem em Belém impossibilitariam a participação de jurisdições mais pobres, que não têm condições de arcar com os preços abusivos. Outras ainda consideram mandar equipes reduzidas, a fim de contornar as despesas.
Desse modo, um dos maiores eventos de sustentabilidade do mundo perderia o caráter inclusivo, com líderes internacionais ameaçando esvaziar as cadeiras da COP30.
Solução brasileira e possibilidades de mudança
Percebendo a alta procura de hospedagem gerada pela COP30 – em contraste com a pouca oferta hoteleira – os proprietários belenenses encontraram uma chance de oferecer serviços por preços maiores. Com isso, passaram a priorizar aluguéis de curta temporada e até deixaram de renovar contratos com inquilinos para receber os visitantes da conferência.
A postura do Brasil é uma tentativa de negociar, ainda sem êxito, com os responsáveis pelo setor hoteleiro e de turismo. O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), também pediu um levantamento dos preços cobrados nos últimos anos, usando como principal parâmetro o período do Círio de Nazaré – festividade que atrai milhões de pessoas ao Pará.
Mesmo sem especificações e com investimento de R$ 4,5 bilhões, o governo federal garante que todos terão acesso à hospedagem de qualidade e preços justos para integrar a COP30.
Caso a redução dos valores não ocorra e os problemas persistam, o Brasil pode receber um pedido formal do secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para que a sede seja transferida para outra cidade brasileira.