As poucas e cênicas rotas de trem para passageiros no Brasil despertam uma nostalgia por algo que nunca tivemos em larga escala. Enquanto nações como Japão, Índia e grande parte da Europa contam com uma malha ferroviária robusta como espinha dorsal de seu transporte, o Brasil transformou o trem em uma atração turística, não em uma solução de mobilidade. Mas por que um país de dimensões continentais fez essa escolha?
A resposta está em uma decisão histórica. Na década de 1950, durante o processo de industrialização, o governo de Juscelino Kubitschek apostou todas as suas fichas na indústria automobilística. Com a chegada de grandes montadoras internacionais, o Brasil pavimentou seu futuro sobre rodovias, deixando os trilhos em segundo plano.
Essa escolha, que espelhou o modelo norte-americano, priorizou o transporte individual e rodoviário, mas cobrou um preço ambiental altíssimo. Hoje, sabemos que trens são exponencialmente mais eficientes e menos poluentes que carros e aviões. Em termos de emissão de CO₂ por passageiro, o transporte ferroviário é uma das alternativas mais limpas para médias e longas distâncias.
Ao optar pelas estradas, o Brasil não apenas limitou suas opções de locomoção, mas também se comprometeu com um modelo de desenvolvimento mais poluente, dependente de combustíveis fósseis e responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes.
A pergunta que fica é: ao sonhar com mais trens, não estamos apenas desejando uma viagem mais charmosa, mas sim um futuro mais sustentável? A reativação e expansão da nossa malha ferroviária não seria um dos caminhos mais eficientes para um Brasil mais verde e conectado?