A destruição global de áreas úmidas, que sustentam a pesca, a agricultura e o controle de enchentes, pode significar a perda de US$39 trilhões em benefícios econômicos até 2050, de acordo com um relatório da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional nesta terça-feira, 16.
Cerca de 22% das zonas úmidas, tanto os sistemas de água doce, como turfeiras, rios e lagos, quanto os sistemas marinhos costeiros, como manguezais e recifes de coral, desapareceram desde 1970, de acordo com o relatório intergovernamental, o ritmo mais rápido de perda de qualquer ecossistema.
As pressões, incluindo mudanças no uso da terra, poluição, expansão agrícola, espécies invasoras e os impactos das mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar e a seca, estão causando o declínio.
“A escala de perda e degradação está além do que podemos nos dar ao luxo de ignorar”, disse Hugh Robertson, o principal autor do relatório.
O relatório solicitou investimentos anuais de US$275 bilhões a US$550 bilhões para reverter as ameaças às áreas úmidas remanescentes e disse que os gastos atuais são um “subinvestimento substancial”, sem fornecer números.
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O mundo perdeu 411 milhões de hectares de áreas úmidas, o equivalente a meio bilhão de campos de futebol, e um quarto das áreas úmidas remanescentes está agora classificado como em estado de degradação, de acordo com o relatório.
Os benefícios econômicos das áreas úmidas incluem a regulação de enchentes, a purificação da água e o armazenamento de carbono – fundamentais à medida que os níveis de água sobem e as tempestades tropicais e os furacões se intensificam devido às mudanças climáticas. Elas também apoiam os setores de pesca e agricultura e oferecem benefícios culturais.
O relatório foi lançado uma semana antes da reunião das partes da Convenção sobre Zonas Úmidas em Victoria Falls, Zimbábue, um acordo global de 172 países assinado em 1971 para liderar a preservação do ecossistema. O grupo, que inclui a China, a Rússia e os Estados Unidos, se reúne a cada três anos, mas não está claro se todas as nações enviarão delegados.
A deterioração das áreas úmidas é particularmente grave na África, na América Latina e no Caribe, mas está piorando na Europa e na América do Norte, segundo o relatório. Projetos de reabilitação estão em andamento em países como Zâmbia, Camboja e China.