O Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), sediado na Escola Politécnica da USP, lançou nesta semana uma ferramenta inédita que promete transformar o mercado de sustentabilidade no Brasil: uma registradora de créditos de carbono com validação científica. A iniciativa busca resolver um dos maiores gargalos do setor — a falta de transparência e o risco de dupla contagem de créditos, prática conhecida como greenwashing.
Plataforma é a primeira do mundo vinculada a uma universidade pública;
Sistema utiliza blockchain para garantir rastreabilidade e segurança;
Custos em reais e prazos menores visam democratizar o acesso para pequenas empresas.
A nova plataforma atua como um “cartório digital”, validando, emitindo e rastreando cada crédito gerado. Diferente das certificadoras internacionais, que cobram em dólar e possuem filas de espera que podem chegar a um ano, a solução da USP promete análises em até 90 dias com custos acessíveis em moeda nacional.
Ciência a serviço do mercado O grande diferencial da RCGI-USP Carbon Registry é o lastro técnico. As metodologias de validação são auditadas continuamente por pesquisadores, garantindo que um crédito de carbono corresponda, de fato, a uma tonelada de CO2 removida ou evitada.
“Sem registro, o crédito não existe, nem para quem precisa cumprir metas de descarbonização, nem para quem deseja vender seus resultados ambientais”, explica a equipe do RCGI. A plataforma já nasce alinhada às especificidades dos biomas brasileiros, como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, valorizando projetos nacionais.
“A registradora garante que cada crédito gere não apenas valor econômico, mas também benefício ambiental mensurável, reforçando o vínculo entre descarbonização e ciência”
Preparação para o Mercado Regulado O lançamento ocorre em um momento estratégico. O Brasil se prepara para implementar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), que obrigará empresas que emitem acima de 25 mil toneladas de CO2 equivalente por ano a compensarem suas emissões.
A ferramenta da USP foi desenhada para atender tanto o mercado voluntário atual quanto esse futuro mercado regulado, oferecendo suporte desde a microempresa — com sistemas autodeclaratórios guiados — até grandes indústrias, que terão suporte técnico robusto seguindo o padrão internacional GHG Protocol.
Impacto Social Além da segurança técnica, a iniciativa inova ao criar um fundo obrigatório. Parte da receita gerada pelos registros será revertida em investimentos para a ciência e projetos de impacto social, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável.
Com informações da Agência Fapesp