Helder nega atraso em obras da COP30 e vê Brasil no caminho inverso de outros países

Em entrevista à ISTOÉ, governador do Pará garantiu capacidade de hospedagem de Belém e prevê redução de preços nas diárias em hotéis e aluguéis por temporada

O governador do Pará, Helder Barbalho (1)

O governador do Pará, Helder Barbalho, negou o atraso nas obras previstas para a COP30 em Belém e garantiu a conclusão de todas as promessas até novembro. Em entrevista à ISTOÉ, o paraense ressaltou a hospitalidade para os turistas e a redução de preços em diárias para hotéis.

Desde 2023, Belém virou um canteiro de obras para receber as mais de 50 mil pessoas que devem participar da conferência climática organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, o governo paraense e a prefeitura da capital são alvos de críticas dos moradores pela demora na entrega das obras de infraestrutura, como a duplicação da avenida Bernardo Sayão e a macrodrenagem Mártir e Murutucu.

“Primeiro nós estamos na fase de conclusão das obras de infraestrutura para preparar a cidade e nesta reta final garantindo também que as estratégias de hospitalidade possam garantir leitos, hotelaria, soluções de hospitalidade para a população que irá nos visitar em novembro. Dentro do planejado, as obras já estão na fase final de execução”, afirmou Helder.

Entre as obras mais avançadas estão o Parque da Cidade, que receberá as autoridades internacionais, além do Mercado Ver-O-Peso, um dos principais pontos turísticos da cidade. As obras no Porto Futuro II, próximo da Estação das Docas, também têm obras avançadas.

Mesmo com a parte turística com andamento agilizado, outras obras ainda estão em fase inicial, como a sistema de esgoto ao lado do Ver-O-Peso. Alguns metros à frente, no Complexo dos Mercedários, as obras também não atingiram os 30%.

Em compensação, de acordo com Helder Barbalho, as obras de hospitalidade estão perto de serem entregues. Além dos hotéis, Barbalho garantiu o envio de dois navios cruzeiros com 5 mil quartos para atender aos turistas.

À ISTOÉ, o paraense disse acreditar que a variedade de hospedagens disponíveis obrigue a redução dos preços das diárias em hotéis e apartamentos por aluguel de temporada. Em alguns locais, os preços para 10 dias chegam a R$ 1 milhão.

“Essa carteira de soluções permite com que nós possamos aumentar a oferta, chegar até a oferta necessária e, com isto, inclusive, impactando diretamente no que hoje reputo ser o maior gargalo, que são os preços. Com excesso de oferta, inevitavelmente, haverá uma acomodação para que os preços estejam dentro daquilo que é praticado de forma absolutamente adequada”, reforçou o emedebista.

Acordo climático para a COP30

Há cinco meses para a COP30, o Brasil corre contra o tempo para conseguir consolidar um acordo para o financiamento climático de países ricos. A ideia é fechar um pacote de investimento de US$ 1 trilhão por ano até 2035.

O valor sugerido pelo Brasil sofre resistência de outros países, como os Estados Unidos, que nem confirmou sua participação na COP. O Itamaraty, porém, acredita que países europeus, como França e Noruega, acatem o valor proposto.

Para Helder Barbalho, o governo brasileiro deve conseguir contornar as divergências e evitar o fracasso de outras COP’s. No Azerbaijão, por exemplo, os acordos foram enfraquecidos e só assinados após o encontro entre as autoridades.

“É uma grande oportunidade de nós podermos fazer a implementação das agendas que estão prometidas pelos países desenvolvidos para ampliar o financiamento climático. É fato de que nós temos uma urgência ambiental por um lado e um questionamento do que efetivamente os países signatários do Acordo de Paris e também partícipes da Conferência das Partes estão fazendo de fato”, afirma.

“Eu acredito que sob a liderança do Brasil, temos a capacidade de ser a locomotiva desse processo para que o financiamento ambiental avance. Isso permitirá investimentos em valorização da floresta em estratégias de uso do solo e soluções de transição energética e investimentos em tecnologia para reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa”, completou.