Colocar a periferia no centro do debate climático: essa é a missão de um grupo de jovens brasileiros que veio para a Alemanha.
“Quando a gente olha para as crises climáticas, a gente tem um entendimento que quem mais sofre na pele somos nós. A crise climática tem cor, tem CEP, tem território”, diz o ativista climático Mateus Fernandes.
“As periferias são ancestralidade, são o chão, são o coração e são quem historicamente está enfrentando as consequências das mudanças climáticas sem ter contribuído para as decisões sobre o clima”, afirma a ativista Marcele Oliveira.
Mateus nasceu no bairro Santos Dumont, na periferia de Guarulhos.E Marcele é do Realengo, na Zona Oeste do Rio.
Eles vieram para a Alemanha para participar da etapa preparatória para a próxima Conferência do Clima da ONU, a COP30, que será em Belém. Ao lado de negociadores de quase 190 países e de outros jovens das periferias, as regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas.
Populações urbanas vulneráveis têm 15 vezes mais chances de morrer em decorrência de eventos climáticos extremos, como enchentes e ondas de calor. E essas populações têm muito a ensinar.
“Falar de meio ambiente sem falar das periferias é calar metade das soluções, porque a gente tem tecnologias sociais, a gente tem articulação territorial, a gente tem também ferramentas, de fato, para solucionar os problemas ambientais, o que a gente não tem é recurso. Então a gente está aqui justamente para acompanhar e falar dessas soluções também. Desde uma horta comunitária, desde um ecoponto”, diz Mateus.
Outro exemplo concreto sobre a luta de periferias contra a crise climática é a própria história de Marcele.
“Através da luta pelo Parque Relango Verde, eu começo a fazer parte da agenda Relango 2030, da Coalisão Clima de Mudança, do Programa Jovens Negociadores pelo Clima, passo a frequentar as COP e sempre fazendo essa linha do local ao global.”
Marcele foi escolhida pelo governo brasileiro como Jovem Campeã do Clima da COP30, com a missão de aumentar a representatividade dos jovens na política climática.
“O mundo que a gente está preparando é o mundo que eles vão viver e, portanto, eles têm realmente um direito à voz que não tem sido dado na proporção que deveria”, afirma André Correa do Lago, presidente da COP30.