Mannheim, cidade industrial alemã com 325 mil habitantes, consolidou-se como um laboratório estratégico para a neutralidade climática na Europa. O município, que historicamente depende de gás e petróleo para o seu sistema de calefação, está utilizando as águas do Rio Reno para transformar sua matriz energética. O projeto é um marco na transição para fontes renováveis em larga escala.
Tecnologia fluvial: uma usina local já opera uma bomba de calor que extrai energia térmica do rio; uma segunda unidade está em planejamento para abastecer 19 mil residências.
Redução drástica: em 2020, a rede de aquecimento de Mannheim emitia 300 mil toneladas de CO₂. A meta é reduzir esse índice a quase zero até 2035.
Infraestrutura sustentável: o projeto “Grüne Wärme”, da fornecedora municipal MVV, está substituindo sistemas individuais a gás por conexões diretas à rede central de aquecimento urbano verde.
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O Rio Reno como bateria térmica
A inovação alemã reside no uso de bombas de calor industriais, que aproveitam a temperatura da água do Rio Reno para gerar calor de forma eficiente e sustentável. Diferente dos sistemas tradicionais de combustão, essa tecnologia permite o aquecimento de distritos inteiros sem a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera.
Segundo Marcus Adlon, gestor do projeto pela MVV, a transformação é estrutural. “Daqui a dez anos, as emissões estarão perto de zero”, afirma o executivo. A iniciativa abrange desde novos empreendimentos até reformas completas em casas antigas, onde caldeiras a gás são removidas para dar lugar à conexão com a rede central renovável.
Pioneirismo na transição energética
O sucesso de Mannheim serve de modelo para outras cidades europeias que buscam alternativas viáveis para a descarbonização urbana. Ao integrar recursos naturais locais (como o leito do rio) à infraestrutura de energia municipal, a cidade demonstra que a escala industrial não é um impedimento, mas uma oportunidade para implementar soluções de baixo carbono.
A transição energética alemã, conhecida como Energiewende, encontra em projetos como o de Mannheim a prova de que a tecnologia de bombas de calor pode ser a espinha dorsal do aquecimento residencial nas próximas décadas.