Um estudo realizado por cientistas do IGc-USP (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo) e do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) expõe o risco da crise climática sobre a redução significativa dos aquíferos naturais, que pode afetar a água que bebemos.
A pesquisa, publicada no periódico Environmental Monitoring and Assessment, explica que as águas subterrâneas são aquelas acumuladas abaixo da superfície, em formações geológicas chamadas aquíferos. Elas se infiltram lentamente no solo depois das chuvas e abastecem poços, nascentes, rios e ecossistemas.
No Brasil, essas águas subterrâneas supre as necessidades de cerca de 112 milhões de pessoas, ou seja, 56% da população depende total ou parcialmente delas.
As projeções do estudo indicam um aumento de temperatura entre 1,02°C e 3,66 °C distribuição irregular das chuvas. O Sudeste do Brasil pode ter verões mais chuvosos e longos períodos secos, que podem prejudicar a infiltração da água no solo. A recarga subterrânea pode reduzir até 666 milímetros por ano em áreas críticas, destacando o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá, que pode registrar queda de 27,94% no volume recarregado. Já outros aquíferos como Guarani, Furnas, Serra Geral, Bambuí Cárstico e Parecis, também devem registrar perdas significativas.
“Verificamos a possibilidade de diminuição drástica da recarga dos aquíferos, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, que devem se tornar mais secas de acordo com quase todos os modelos climáticos”, afirma Ricardo Hirata, professor titular do IGc-USP e primeiro autor da pesquisa.
Para solucionar a questão, o estudo aponta como alternativa a recarga manejada de aquíferos, que utiliza técnicas para favorecer a infiltração da água da chuva ou de esgoto tratado, incluindo injeção direta no aquífero.
Estruturas simples como bacias de infiltração ou sistemas sofisticados de injeção podem aumentar o armazenamento subterrâneo.