A China apresenta um paradoxo central na discussão climática global: embora seja o país que mais emite gases de efeito estufa no mundo, é também o que mais produz e investe em energia renovável.
- Em 2024, a China instalou mais capacidade de turbinas eólicas e painéis solares do que todo o restante do mundo somado.
- O país domina a produção de painéis solares, turbinas eólicas, baterias e carros elétricos em larga escala e a baixo custo.
- Apesar do avanço verde, mais da metade da matriz energética chinesa ainda depende do carvão, e novas usinas continuam sendo abertas.
- Na COP30, em Belém, a China foi citada por apresentar “soluções para todos”, lucrando mais com tecnologia verde do que os EUA com combustíveis fósseis.
Links relacionados
Enquanto os Estados Unidos questionam investimentos em energias renováveis e a Europa enfrenta resistência popular ao custo da descarbonização, a China avança em uma revolução de energia limpa.
Esse movimento teve início por meio de fortes subsídios estatais para o desenvolvimento do setor. Com sua capacidade industrial, o país asiático conseguiu produzir painéis solares e turbinas eólicas em grande escala e a preços muito baixos, dominando o mercado global. Atualmente, a energia solar é considerada a fonte mais barata do mundo, superando os combustíveis fósseis.
Empresas chinesas do setor têm expandido sua produção globalmente, com instalações inclusive no Brasil. Por essa razão, no primeiro dia da COP30, em Belém, o presidente do evento afirmou que a China está “apresentando soluções que são para todos, não apenas para os chineses”.
Dados demonstram que a China hoje aufere mais lucros exportando tecnologia verde do que os Estados Unidos lucram exportando combustíveis fósseis.
No entanto, o paradoxo persiste: mais da metade da matriz energética chinesa ainda depende do carvão. O governo possui um plano de longo prazo para abandonar essa fonte, mas evita se comprometer com metas e datas específicas. Por enquanto, novas usinas de carvão continuam sendo inauguradas.
A descarbonização é um processo complexo, e a estratégia chinesa tem chamado a atenção global. O país evita metas ambiciosas em fóruns internacionais, mas adota passos largos internamente. Como resultado, foi registrada uma estagnação no crescimento das emissões de CO2 chinesas nos últimos 18 meses.