Para 79% dos brasileiros, prefeituras são as culpadas pela falta de coleta seletiva

Brasileiros ainda encontram dificuldades para praticar a reciclagem. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Mesmo dispostos a reciclar, os brasileiros enfrentam barreiras estruturais: 79% atribuem às prefeituras a responsabilidade pela ausência de coleta seletiva nos municípios, aponta pesquisa inédita da Nexus encomendada pelo Sindiplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado de São Paulo).

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Apesar da crescente preocupação com o meio ambiente e o descarte correto de resíduos, os brasileiros ainda encontram dificuldades para praticar a reciclagem em seu dia a dia. O estudo revela uma população consciente e engajada: 81% dos entrevistados se preocupam em evitar o desperdício e 75% afirmam reciclar ou conviver com alguém que o faz. No entanto, esbarram em entraves como a ausência de coleta seletiva (35%) e a falta de informação e campanhas educativas (28%), que aparecem como os principais obstáculos para a adoção de hábitos sustentáveis.

A percepção de responsabilidade recai majoritariamente sobre os governos locais. Enquanto quase 80% apontam as administrações municipais como falhas nesse processo, 27% culpam os governos estaduais e 16% responsabilizam o Governo Federal. Os dados reforçam os desafios enfrentados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, cuja implementação concreta ainda engatinha em boa parte dos municípios brasileiros.

A pesquisa também mediu a relação da população com o plástico. Apesar das críticas ao material, 60% dos brasileiros afirmam ser impossível viver sem ele e 56% já consomem produtos com embalagens recicladas. O plástico lidera como o material mais reciclado no país (90%), seguido pelo alumínio (73%) e papel/papelão (68%).

Para o diretor-superintendente do Sindiplast, Paulo Teixeira, o problema não está no plástico em si, mas no descarte incorreto. “A ciência comprova que o plástico emite menos carbono do que alternativas como vidro, alumínio ou papel, e prolonga a durabilidade dos alimentos, evitando desperdícios e emissões associadas”, afirma.

A pesquisa ouviu 2.009 brasileiros, por telefone, em março deste ano, em todos os estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.