Há décadas os cientistas enfrentam uma pergunta crucial para o futuro do nosso clima: quanto carbono as florestas do mundo realmente armazenam? Saber esse número com precisão é vital para entender o balanço de carbono do planeta, mas medi-lo em escala global sempre foi um desafio gigantesco. Agora, um novo satélite da Agência Espacial Europeia (ESA), lançado em abril, promete desvendar esse segredo.
Apelidado de “guarda-chuva” devido à sua enorme antena de 12 metros de diâmetro, o satélite Biomass foi projetado com uma missão clara: medir pela primeira vez, de forma consistente e precisa, a biomassa de todas as florestas do planeta.
Como se mede o ‘peso’ de uma floresta?
O satélite não mede o carbono diretamente. Em vez disso, ele calcula a biomassa florestal, que é a quantidade total de matéria orgânica contida nas árvores — como troncos, galhos e raízes — excluindo a água. A ciência já sabe que cerca de 50% da biomassa de uma árvore é carbono puro. Portanto, ao calcular o “peso” da floresta, os cientistas obtêm uma das estimativas mais precisas da quantidade de carbono que ela estoca.
A tecnologia do satélite Biomass é revolucionária porque ele é o primeiro a utilizar um radar de banda P, que consegue “enxergar” através da densa camada de folhas e medir a estrutura dos troncos e galhos abaixo. Satélites anteriores só conseguiam analisar a copa das árvores, o que gerava grandes incertezas.
Mapa vital para o futuro do planeta
Ao longo de sua missão de cinco anos, o satélite Biomass irá escanear repetidamente as florestas do mundo, criando não apenas uma foto, mas um mapa dinâmico e tridimensional da biomassa global. Isso permitirá que os cientistas acompanhem as mudanças ao longo do tempo, monitorando o impacto do desmatamento, o crescimento de novas florestas e os efeitos de incêndios ou secas.
Essas informações, antes inacessíveis, serão uma ferramenta poderosa para a ciência climática e para a criação de políticas de conservação mais eficazes em todo o mundo.