Enquanto a Semana do Clima da África (ACW) se encerra neste sábado (6) em Adis Abeba, na Etiópia, as discussões sobre o financiamento da adaptação climática definem o tom do que o Brasil pode esperar na COP30, em Belém. O encontro, visto como um “termômetro do Sul Global”, reúne lideranças para transformar compromissos em ações concretas.
No centro do debate está a gritante lacuna financeira para lidar com os impactos da crise climática. Apesar de eventos extremos, como as enchentes que custaram R$ 62 bilhões ao Brasil em 2024 e deixaram mais de 220 mortos na Espanha, o financiamento global para adaptação não chega a 15% do necessário, segundo a ONU. “Enquanto guerras são tratadas como emergências, a adaptação climática ainda é vista como um problema futuro – e isso precisa mudar”, afirma Rayandra Araújo, especialista do Instituto Talanoa presente no evento.
Lideranças brasileiras, como o Instituto Talanoa e o Instituto Clima & Sociedade (iCS), estão desempenhando um papel central na articulação. Eles organizaram um encontro de alto nível na Etiópia para buscar consensos sobre o tema, reunindo desde representantes de pequenos Estados insulares até potências como Alemanha e Reino Unido.
A urgência é justificada não apenas pelos custos, mas pelo retorno do investimento: estudos apontam que cada dólar investido em adaptação pode gerar até doze dólares em benefícios, ao evitar gastos com reconstrução e perdas de produção.
As conclusões desta semana na África são cruciais, pois servirão de base para as negociações em Belém. “Estamos trabalhando para que a adaptação tenha escala, qualidade e continuidade no financiamento, e que esse tema esteja no centro da agenda política da COP30”, destaca Rayandra.