Em um mundo saturado por futuros distópicos no cinema e na literatura, onde a tecnologia parece sempre levar ao caos, um movimento artístico propõe uma visão radicalmente diferente: e se o futuro for verde, sustentável e belo? Essa é a premissa do Solarpunk, um subgênero da ficção científica que está ganhando força ao imaginar sociedades que vivem em harmonia com a natureza, impulsionadas por energias limpas.
O Solarpunk dá vida a mundos autossustentáveis em filmes, games, músicas e livros, trocando os cenários sombrios do cyberpunk por cidades com arquitetura orgânica, jardins verticais e tecnologia a serviço da comunidade e do meio ambiente.
Movimento com sotaque brasileiro
O que muitos não sabem é que o Brasil tem um papel central na consolidação do movimento. O autor Gerson Lodi-Ribeiro é considerado uma espécie de pioneiro do gênero no país. Ao editar antologias de ficção científica com realidades alternativas, ele ajudou a semear a ideia de sociedades que já haviam feito a transição energética há muito tempo.
“Foi preciso criar culturas ecologicamente corretas e sustentáveis na ficção para mostrar que elas são possíveis no mundo real”, explica Lodi-Ribeiro sobre a importância de criar novas referências.
A influência do movimento vai além das páginas. O músico Castello Branco, por exemplo, mergulhou nessa estética para criar seu álbum “Niska – uma mensagem pros tempos de emergência”. Para ele, a arte é uma ferramenta de transformação.
“Eu não acredito nesse sistema que a gente vive e tem destruído o planeta. Então, o Solarpunk vem como uma luz otimista de projeto de humanidade”, afirma o cantor.
Mais do que apenas um estilo visual, o Solarpunk funciona como um convite à reflexão. Será que a arte pode ser o empurrão que faltava para inspirarmos e construirmos um futuro mais justo e sustentável? O movimento acredita que, para construir um mundo melhor, primeiro precisamos ser capazes de imaginá-lo.